sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O desastrado case Uniban

O infeliz episódio da jovem acuada pela multidão de alunos por causa do vestido que usava, na Uniban em São Bernardo do Campo, é muito mais que um espantoso caso de linchamento moral com aspectos de hipocrisia: é um exemplar case de péssima gestão de crise.

A Uniban fez tudo errado, desde o começo. Não vamos nem considerar o ambiente da instituição, que conduziu à existência deste episódio; não vamos, também, considerar a fama de "pagou, passou" que a Uniban já penava. No dia em que a turba, fora de controle e em estado de histeria coletiva, resolveu linchar a moça porque usava um vestido curto (como se vê nos muitos vídeos disponíveis, não muito mais curto do que vários outros vestidos, saias e shorts usados por outras jovens), a instituição - em vez de cortar logo no início o episódio e providenciar que os seguranças conduzissem a jovem para fora, deixaram-na trancada em uma sala por quase duas horas e permitiram que a polícia militar entrasse para retirar a moça em segurança. Erro estratégico básico.

Depois, em vez de reagir exemplarmente, fazer uma declaração pública isenta, condenando o episódio logo no dia seguinte e tomando algumas atitudes que dessem uma demonstração "acadêmica" de posicionamento, como identificar e suspender os responsáveis pelo inacreditável motim, eventualmente inlcuir a moça em alguma punição por vestimenta inadequada e promover um debate positivo, redentor, sobre atitude, valores, respeito, comportamento, sem paternalismo, sem falso moralismo e sem viés de qualquer tipo; em vez de fazer isto tudo, ou alguma coisa destas, sentou-se sobre o episodio, fez declarações desastradas e não tomou nenhuma atitude real, perceptível.

Depois, pressionada pela opinião pública e pela feroz atitude da mídia, a Uniban fez o inacreditável: expulsou a vítima! Pior ainda, embalou esta posição em declarações inacreditáveis, canhestras, preconceituosas.

E foi além: voltou atrás, cedendo às pressões (e reconhecendo que cedeu, que reagiu à opinião pública).

A Uniban fez tudo errado. Demonstrou não ter nenhuma competência para reagir à crise, para enfrentar problemas graves. Arranhou ainda mais severamente sua imagem pública, destruiu todo o esforço de comunicação que possa ter tido nos último meses e, muito pior, provocou sérios prejuízos à imagem profissional dos jovens que, à custa de sacrifícios, estão tentando obter um diploma na instituição.

Como o mercado reagirá às suas tentativas de obter emprego? Como serão recebidos os curriculuns de jovens formados na Uniban? São cada vez mais frequentes, e cruéis, as piadas desairosas sobre diplomas Uniban. Não faltou quem associasse o apagão desta semana à presença de um estagiário da Uniban na sala de controle da hidrelétrica de Itaipu.

Grandes lições podem ser tiradas do case Uniban. A mais importante é perguntar-se: minha empresa está preparada para um cenário de desastre?

Um comentário:

Unknown disse...

Tive a infeliz oportunidade de estudar no mesmo prédio onde ocorreu o lamentavel episódio. A postura mediocre da instituição já é antiga, eu passei breves 3 meses no ano 2000, tempo mais que suficiente para observar que esse tipo de atitude é um cancer instalado na instituição, e pelo visto está crescendo.....