domingo, 27 de julho de 2008

O marketing e a proatividade

O empresariado, de maneira genérica, não costuma ser um exemplo de ousadia. Geralmente associamos o empreendedor a uma posição reacionária. É típico do capital.

Uma das consequências desta posição é a dificuldade de tratar com mudanças significativas de cenário, principalmente aquelas causadas por interferências da legislação ou por alteração da atitude do mercado médio. Um exemplo típico é o endurecimento da fiscalização contra motoristas que dirigem depois de beber.

Aqui cabe um bom parágrafo. Dois, na verdade. Primeiro, o equívoco de chamar este endurecimento da legislação de "lei seca"; é um erro que contribui para aumentar a resistência à nova lei, que já provou amplamente seu grande benefício. A lei não proíbe ninguém de beber, ela só diz o óbvio: é proibido dirigir depois de beber. Não é lei seca nada. Segundo, a estúpida argumentação que "a nova lei fere o direito de ir e vir"; ora, ninguém é impedido de ir ou voltar de qualquer lugar. Ela só diz, mais uma vez, o óbvio: você pode ir e voltar à vontade, só não pode fazer isto dirigindo depois de beber. Se você quer beber, vá e volte de táxi, de carona, de ônibus, a pé, com um amigo...

Voltando ao Marketing: num momento em que o poder público começa a tomar uma (rara) atitude de proteção às pessoas, à vida, de combate a este genocídio que é o trânsito brasileiro, os segmentos empresariais envolvidos na questão, como os bares, hotéis e restaurantes, que poderiam aproveitar este momento para estabelecer uma posição firme, positiva, construtiva, para estimular o consumo responsável e a segurança de seus clientes, preferiram ir contra a lei, estimular o consumo criminoso e trabalhar para fortalecer os pontos que podem corroer a aplicação da restrição à direção sob o efeito do álcool. Já falamos sobre isto aqui.
Mas há alguns bons exemplos de posição inteligente. Gosto muito da forma como o whisky Johnnie Walker resolveu posicionar-se na questão do álcool x volante. Já há algum tempo, bem antes da criação desta nova legislação, a marca já começava a estimular, no Brasil, um comportamento que já é comum na Europa, que é o "motorista designado". Aqui, o Johnny criou o projeto "Piloto da Vez", para que os grupos escolham um amigo que não vai beber para dirigir para os outros. Simples e legal...

Agora, para fortalecer esta posição, tem oferecido corridas de táxi gratuitas, em alguns bares e restaurantes de São Paulo. Esta é a atitude certa. Em vez de "emburrar" e se encolher em uma atitude rude, reacionária, e que será certamente vencida em algum momento no futuro, a marca foi proativa e colocou-se ao lado do Cliente.

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